domingo, maio 09, 2010

Caminho do vento

No álgido leito de sozinho, permito-me falar para as paredes, rir dos relampejos antigos e chorar das enigmáticas angústias. Por aqui, quando batem seis horas no relógio da sala, são três horas. Fora do meu avô a dita máquina e ele, já na sua ida velhice, achava que só os suíços domavam o tempo. A dita era regulada ao tempo pela Rádio Suiça Internacional. Lembro-me de uns versos de Alexandre O’Neill: “Acaso o nosso destino, tac!, vai mudar?”. Não creio que mude. Quebrando quase o encanto, o leitorado revolve fazer das suas. Toca-me o telemóvel: Está lá, sim, eu próprio, o culpado das crónicas. Ser menos hermético? Ver isso da inversão do sujeito? Vossa senhoria é da associação dos consumidores? Eu devo ser maçónico. Toca-me de novo o bichinho: Tenha a bondade. O próprio de carne e osso. E, presumo, alma também. Quer mesmo o Pranchinha nas crónicas? Mas quem sou eu para determinar sim ou sopas? Na sala, o relógio perdido e retardado. Dizem que era um relógio de cucos…