terça-feira, setembro 14, 2010

Dez equilíbrios de Deus


Sublime dinâmico

Chove, troveja e relampeja. Há aqui uma tempestade. Helás! Termino mais um livro de poemas: intitulo-o “Dez Equilíbrios de Deus”. Havendo excessos da Realidade, estes a absolutizarem-se sobre as demais realidades, importaria, como contraponto existencial, não abrir mão da poesia. Naturalmente que, enquanto poeta, quero estar à margem das coisas para pressentir (cá dentro) a pequenez dos semi-deuses e dos deuses locais, e para inalar o halo sublime de Deus (também cá dentro e não no Sinai) em seus “Dez Equilíbrios” e jamais em seus Mandamentos. Quiçá, para o leitor mais atento, faça tudo isso algum sentido, mas para o mais distraído olhar de Sancho Pança, nas antípodas de Alonjo Quijano, mormente seu complemento, os moinhos só serão moinhos. É preciso ver em tudo, a sua tempestade. Umberto Eco diria: “Exemplo típico do sublime dinâmico é a visão de uma tempestade”…

Montanha parindo rato

Vem, irmão, a urbe, a natura e o cosmos me interessam. E o amor, que é a verdadeira energia renovável. O resto pode esperar para depois da tempestade. Vem, irmão, olha-me para esta lixeira a céu aberto e o halo das queimadas incensa o mote dessa Grande Circular. Vejo o Mote Vermelho, esburacado como um queijo suíço. Extirpado dir-se-ia por um assassino serial. Anaxímenes defendia que o universo resultava das mutações do pneuma áiperon (ar infinito), como nossa alma que é ar, soberanamente nos mantém unidos, assim, também todo o cosmos sopro e ar o mantém. Vejo o Monte Vermelho e se não há crime ecológico (o ar infinito afinal), como o há na Praia Negra e haveria na Murdeira, vamos mudar de bandeira, hino, fé e crença. Vejo o Monte Vermelho, em cuja cercania se estende a não menos polémica Cidadela à espera do seu Cavalo de Tróia e peço licença ao leitor para vomitar. E, com perdão pelo demo de comparação da fala, se o Monte entrasse em serviço de parto e nos parisse ali um rato vermelho? Quem sabe não ressurgisse daí o sopro e ar dos próximos caminhos…

Haver cidades

Saúdo, efusivamente, a iniciativa de decretar cidades às sedes concelhias, algo que se estriba no nexo de respostas à dinâmica de urbanização do País. É um acto mais que constitutivo, mas prospectivo, em prol das cidades que, doravante, terão os apoios institucionais e administrativos, bem como as políticas públicas mais dirigidas, para uma urbanização qualificada. E o que seriam, ao meu modesto ver, essas políticas públicas mais dirigidas? Antes de mais, o urbanismo submetido ao plano director municipal e ao plano de saneamento ambiental, ao projecto das centralidades económicas, sociais, culturais e outras, bem como à gestão moderna e sustentável do espaço-cidade, que é, acima de tudo, uma polarizada geografia humana. Antevejo o próximo cenário governativo com muitas inovações, dentre elas o Ministério das Cidades. Mas é algo que transcende o planeamento dos gabinetes. Acrescentam-se-lhes elementos de força para uma melhor gestão das cidades, nomeadamente a mobilidade, sustentabilidade, multiculturalidade e sociodiversidade Em verdade, a urbanização, não só do ponto de vista sociológico, mas da perspectiva política, se tornou numa grande realidade nacional. E não se deve fugir às realidades…

Trivium

Volto, como quem já tarda, na próxima semana…