quinta-feira, setembro 30, 2010

Em fase de terra

Nada consegue conter e muito menos contar a solidão da gente. Procura-se no céu e no vão. Ledo engano vasculhá-la no infinito. Se lá estivesse, estaria em mil bocados. Fragmentos. O chão da greta e do broto é a melhor gramática. E de repente, a lagartixa doida e o quieto formigão fazem melhor república que isto aqui. Sem a maralha, o Rei vai nu e o pessoal está renitente. Às duras penas, o poema se refugiava aqui. Meio descrente da própria palavra. Com perdão pela má palavra, mas o grande erro é o acerto. Queria desacertar a vida toda. Gostar mais do vazio que do cheio. E me decompor na crosta que sou. Poeta, eu? Só porque às vezes – cada vez mais menos, diga-se – me afoito a rimas toantes com tomates e farinha de mandioca. O resto sendo assalto. Assonância ou ressonância? Ou tão simplesmente sobressalto…