Falei-lhe de Kafka (uma raridade na época)
do compromisso que tem cada um,
das elegias de Duíno e de outras conquistas
de Rainer M. Rilke.
Acompanhei-a a um exame de francês,
a uma representação de Calígula, a um cinema
atroz onde passava Júlio César,
na versão de Marlon Brando.
Dei-lhe meu telefone, uma biografia de Tolstoi
ou Dostoiewsky, uma lapiseira verde, uma preciosa
gravação do “Pássaro de Fogo”.
Mostrei-lhe todas as grades de velho estilo
que conhecia com perfeição, as livrarias secretas,
as paisagens dos arredores, um ídolo antigo
que me emprestaram os amigos, alguns poemas
uma vez deixou perceber que não pensava
nos homens para nada.
Não voltamos a nos encontrar desde então.
Luiz Suardíaz