quarta-feira, junho 23, 2010

Mulher

Me segura, mulher,

que eu vou morrer de fome,
eu vou cair de sono, aqui,
nestas areias quentes
do teu corpo.


Não tenho vida, mulher;
um sonho trago nas mãos:
amar, amar o teu amor,
e as tuas carnes brancas
e os favos de mel
sangrando em tua boca.


As tuas pernas, mulher,
as tuas pernas
cravadas no meu dorso,
e assim sem jeito,
escravo do veneno,
vou navegando no anzol
de tua língua
e vou morrendo
de morte não morrida.


Foi o amor,
a harmonia do amor
em nossas bocas
sôfregas de desejo
e de pele e de osso
e de sal e de sementes,
pois que o chão da infância
já não conta,
pois que o milagre do corpo
é a cancela
da vida que se ia
e que não vai mais nunca.


Terei para ti os lábios
e as conchas do prazer
que te darei
em sois de melodia
e em estrelas de sêmen
que descerão
por entre tuas coxas.


E que seja consagrado ao vento
o brilho desta praia
e a música destas ondas
onde te vi espumas
e te beijei sereias
para a glória do amor
e a nossa dança de luz
brilhando para sempre.

Dimas Macedo