(Pôr do sol é um poema que se evade de quem o pensa)
Em certas horas, o poema
evade-se de quem o pensa
e percorre-lhe poentes.
Mau grado por espaços,
vem ele metafórico
(seu fonema)
para os tempos.
De a palavra ter-se ali,
pela clausura dos versos,
textual, mas incontido recluso,
no só soletrar-se em fuga...
Dela, mais que à coisa,
o pousar, mesmo calada,
seu vôo inteiro pelo vão
seu tudo ladrilhado
de mim em tanto espelho...
Dela, que nem ao corpo,
sua sintaxe, tanto que arde
como que parte ou regressa,
ultrapassa o sol de gatear
semântica em gota de água...
(Os poentes, seus cambares...ó cidade)
Desgovernado, o poema
é mais que procura, alucina
pensá-lo em seu transbordar
e sua loucura ensina
poentes sem ambares azuis,
nem sóis laranjas de certas horas...
Filinto Elísio